quinta-feira, 25 de março de 2010

Impunidade e tragédias de motoristas alcoolizados


Na medida em que os acidentes de trânsito provocados por motoristas embriagados pelo álcool vão capitalizando vítimas, é possível recorrentemente voltar as causas destas mortes nas ruas e nas estradas brasileiras. Com base em dois graves e lamentáveis acidentes a revista Veja publicou uma reportagem que é um verdadeiro libelo contra a imprudência de dirigir veículo automotor sob efeito etílico das bebidas alcoólicas.

Um deles é particularmente brutal: um motorista que passara a tarde bebendo numa churrascaria, tomou a rodovia Raposo Tavares, em São Paulo, dirigiu cerca de vinte quilômetros na pista da contra-mão em alta velocidade, e acabou se chocando de frente com um carro que trafegava regularmente na direção contrária. Um casal morreu instantaneamente com a explosão do carro.

Tem também um caso que seria pitoresco se não fosse tão lamentavelmente trágico. Depois de ingerir o equivalente a sete latas de cerveja um serralheiro resolveu dirigir o carro sem nenhuma condição para tal e perdeu a direção do veículo que subiu a calçada de uma praça e atropelou um homem e seu filho de oito meses. O fato ocorreu em Carapicuíba na região metropolitana da capital paulista. O bebê ainda foi levado para o hospital, mas não resistiu aos ferimentos resultantes do atropelamento e veio a falecer. O motorista embriagado é contumaz infrator, pois anteriormente, tinha sido flagrado cinco vezes dirigindo embriagado e sem carteira de habilitação, mas, impunemente, foi deixado a voltar a praticar infração ainda mais grave com a morte de uma criança de tenra idade.

Alguma coisa está errada na nossa legislação de trânsito para permitir tanta impunidade e tanto estímulo à violação da lei. Um dos mais graves erros é permitir que o motorista flagrado sob suspeita de alcoolemia possa se recusar a fazer o teste do bafômetro sob o pressuposto de que o indivíduo pode se recusar a produzir prova contra si mesmo. Tamanho absurdo não considera que o teste do bafômetro não é contra o motorista bêbado, mas a seu favor. Afinal, verificando-se que ele não tem condições de dirigir o veículo pelo teste do etilômetro, o impedir dele continuar dirigindo é uma ação a seu favor, e não contra ele.

Mas o pior dos erros é a permissividade da propaganda irrefreada de bebidas alcoólicas, um abuso para o qual não se toma providências. Na televisão, nas rádios, não há limites para a publicidade de cerveja que patrocina, inclusive, programação destinada ao público jovem como a esportiva.

Tudo isto faz com que o consumo de bebidas alcoólicas seja permissivo, tolerado, incontido. E o número das vítimas do alcoolismo e de motoristas alcoolizados continuará crescendo. Até parece que existe uma mancomunação entre a indústria cervejeira e a mídia que fatura com tão deletéria publicidade. Afinal, sem que haja providências para por regras minimamente aceitáveis da publicidade de cerveja, estaremos menoscabando o valor de tantas vidas ceifadas inutilmente nas ruas e nas estradas devido o abusivo consumo de bebidas alcoólicas.


Bebida alcoólica é uma espécie de porta de entrada rápida para o mundo das drogas, e é uma das drogas que mais destróem famílias, devido a sua grande acessibilidade e aceitação por parte de grande parte da sociedade. O slogan "beba com moderação" que empresas do ramo são obrigadas a dizer em seus atrativos comerciais, já não tem muito sentido de tanto que é repetido. Então beba com muita moderação, dê um CARTÃO VERMELHO AO ALCOOLISMO, esse mal que destróe famílias.

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