segunda-feira, 4 de janeiro de 2010

Cérebro, e não o fígado, é o órgão mais atingido pelo álcool


Embora a maioria das pessoas aponte o fígado como a principal vítima da bebida, é o cérebro quem mais sofre com o excesso de álcool. "Entre 50% e 70% dos alcoólatras apresentam problemas no sistema nervoso. No fígado, são 30%", afirma o psiquiatra Ronaldo Laranjeira, da Unifesp. Leia abaixo os principais efeitos.

No cérebro: o álcool age diretamente nas células cerebrais, provocando diminuição na memória, capacidade de raciocínio complexo e no julgamento de situações. Apesar de boa parte dos estragos desaparecer após semanas de abstinência, 10% dos alcoólatras têm danos irreversíveis e correm o risco de sofrer demência alcoólica. A bebida também provoca danos ao hipocampo, região ligada ao aprendizado e à memória. No Brasil, um estudo da atividade elétrica cerebral coordenado pelo neurocirurgião Roberto Augusto Campos, da Unifesp, mostra que o funcionamento do cérebro fica prejudicado de maneira crônica pelo uso do álcool. Após verificar como os cérebros de 32 alcoólatras de 30 a 50 anos que bebiam 1,5 litros de aguardente por dia respondiam a estímulos auditivos, a equipe se surpreendeu com a intensidade dos danos. "Em 70% dos casos não detectamos nenhum tipo de resposta cerebral ao estímulo", conta Campos.

No fígado: os principais males causados pelo álcool nesse órgão são fígado gorduroso (o paciente fica com a pele e as mucosas amareladas porque o álcool gera um depósito de gordura nas células hepáticas), hepatite alcoólica (a toxicidade do álcool mata as células hepáticas, e os sintomas mais comuns são aumento do fígado e dor abdominal) e cirrose (fase terminal do alcoolismo, em que o fígado se enche de cicatrizes por causa da morte das células e tem sua função muito reduzida). Outra doença gastrointestinal comum é a pancreatite crônica (75% dos portadores desse mal abusam do álcool). O sintoma mais comum é uma dor abdominal, que se irradia para as costas, não é aliviada por antiácidos e dura vários dias. O paciente perde peso e pode se tornar diabético.

No coração: beber em excesso pode resultar em cardiomiopatia alcoólica, uma infiltração gordurosa no músculo cardíaco que dilata o coração e diminui sua capacidade de impulsionar sangue. Hipertensão, trombose, infartos e arritmias cardíacas também podem ser detonados pelo abuso do álcool.

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