Os cientistas do Wellcome Trust conseguiram completar a sequência genética de dois tipos de cancro, o da pele e o do pulmão, revelou ontem, ao fim do dia, a revista Nature. É um dia que vai ficar para a História, se tivermos em conta que traz consigo a esperança de prevenção, tratamento e cura de duas doenças que matam, todos os anos, mais de 250 mil pessoas, e provocam um sofrimento insuportável a milhares de outras.
A partir destes mapas, os investigadores vão agora descobrir como podem diagnosticar as mutações ocorridas num momento muito precoce, e também como atacá-las de imediato com medicamentos mísseis, que cheguem directamente às celulas doentes em lugar de destruírem as boas e as más como acontece com a químio e a radioterapia tradicionais. Mais importante, confirmaram as suspeitas de que tanto o cancro da pele, como o do pulmão são causados, na maior parte dos casos, pela exposição ao sol, no melanoma, e pelo tabaco, no do pulmão. Ou seja, perfeitamente evitáveis, com mudanças de comportamento óbvias e relativamente fáceis. Peter Campbell, que conduziu o estudo, é peremptório: cada cigarro fumado provoca 15 mutações de ADN e um maço de tabaco é, só por si, uma roleta russa. Muitas das mutações ocorridas vão acontecer em partes do genoma que não estão implicadas no desencadear do processo canceroso, mas de vez em quando acertarão num gene que provoca o cancro, explica.
O código de ADN do cancro do pulmão contém mais de 23 mil erros, provocados pela exposição ao fumo do tabaco. Fica uma nota de esperança: deixando de fumar, com o tempo, as células com mutações vão sendo substituídas por outras saudáveis. Quanto ao ADN do cancro da pele, regista 30 mil erros, a maioria causada por tempo de mais ao sol - convenhamos que um factor fácil de controlar.
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