quarta-feira, 11 de janeiro de 2012

Drogas são pivô de 61,7% dos assassinatos em Curitiba

Maioria das vítimas era homem com idade entre 18 e 29 anos, segundo dados da Sesp

Em 2011, homens jovens, com idade entre 18 e 29 anos, e usuários de drogas foram as principais vítimas de homicídios da capital paranaense. Os dados foram levantados pela Secretaria da Segurança Pública do Paraná (Sesp), que ainda demonstrou uma queda de 8,8% nos homicídios dolosos em Curitiba, no ano passado, em comparação com 2010. Foram 685 assassinatos em 2011, contra 750 no ano anterior. A taxa de homicídios para 100 mil habitantes ficou em 36,2 para Curitiba, bem acima do considerado aceitável pela Organização Mundial de Saúde, de 10 assassinatos para cada 100 mil habitantes. Dos 685 homicídios na capital em 2011, 326 (47,5%) aconteceram com pessoas entre 18 e 29 anos, e 167 (24,3%) na faixa etária dos 30 aos 39 anos. Unindo as duas faixas etárias, se tem quase 72% das vítimas de crimes contra a vida no intervalo dos 18 aos 39 anos.

Uma predominância maior ainda é verificada quando é analisado o sexo das pessoas assassinadas: 91,8% foram homens. Outra grande maioria é a relação com as drogas. Ela predomina em 61,7% das vítimas, sendo que em 42,7% trata-se de usuários e em 18,9% o envolvimento é com o tráfico de drogas.

Segundo o delegado-chefe da Delegacia de Homicídios (DH) de Curitiba, Rubens Recalcatti, o perfil das vítimas vem se mantendo ao longo dos anos e operações constantes têm sido feitas na DH para tentar diminuir esse perfil.

Para o coordenador do Centro de Estudos da Segurança Pública e Direitos Humanos da Universidade Federal do Paraná (UFPR), Pedro Bodê, é necessário que haja um cuidado maior ao se relacionar o tráfico de drogas com os homicídios. Segundo ele, cidades em que o consumo de drogas é alto, como Londres e Nova York, por exemplo, o índice de homicídios é muito baixo, o que leva a questionar a forma como essa relação é construída.

“Essa relação de droga e homicídio não pode ser uma justificativa. A sociedade como um todo tem lidado com essa questão como uma maneira de justificar essas mortes, o que não pode acontecer. A vítima de homicídio é uma vítima, independente do que esteja fazendo”, explica ele.

Segundo Bodê, o estado tem que usar várias frentes, como educação e saúde pública para combater o problema das drogas e não apenas usá-lo como justificativa para as mortes. “Além disso, precisamos de maior qualidade na maneira como esses dados são coletados nas delegacias, melhores investigações e punições mais severas. Não existem políticas efetivas que desestimulem e transformem o homicídio em algo ‘caro’ para o autor”, critica.

Fonte: Bem Paraná

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