Hoje, com 34 anos, Marcelo Derussi, fala pausadamente e com clareza. Expõe ideias e opiniões de alguém que já foi viciado em droga. Marcelo fala novamento sobre o tempo em que era um dependente químico: “Foram 17 anos de bagunça”.
Antes de afundar de vez nas drogas, Marcelo cursou até o ensino médio. A retomada dos estudos só veio agora, após os anos de 'bagunça', para tentar entender um pouco melhor tudo aquilo que passou. “Depois da recuperação fiz um curso técnico em reabilitação de dependentes químicos e fui entender melhor a loucura que é essa doença. E os 17 anos de droga me credencia. Porque eu sei qual é o gosto do inferno. O crack traz o ápice da insanidade”. Longe do consumo das drogas desde 31 de outubro de 2006, o músico e funcionário público quer deixar o passado para trás e focar o futuro. “Eu estar aqui conversando já uma coisa incrível. Só quem conheceu o fim do poço sabe que isso aqui é um milagre. Agora eu não me prejudico mais e deixo que a vida se reconstrua e faça a parte dela”.
Foram 17 anos de bagunça. Com todo tipo de drogas. E o caminho normalmente é sempre o mesmo. O caminho da droga tem três finais: cadeia, cemitério ou a instituição psiquiátrica. Você passa por diversos tipos de uso. O uso nocivo, o uso abusivo, e quando chega no transtorno de dependência química, a única alternativa é a abstinência. Comecei na droga muito cedo. Com 12 ou 13 anos já estava experimentando alguma coisa. Isso a gente tem que alertar. O início normalmente é muito cedo e eu não sou exceção. E a porta de entrada normalmente é o álcool. Começa tomando espuminha de cerveja na festa da família. Começa no cigarro na escola com os amigos. O crack é o ápice, mas precisamos insistir na prevenção das outras drogas pra não chegar ao crack.
"Todos os viciados em crack, sem nenhuma exceção sabem desse tal 'gosto do inferno' que eu senti"
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