terça-feira, 18 de maio de 2010

70% das crianças em abrigos são filhas de usuárias de crack

Os relatos são horríveis. Eles precisam de acompanhamento direto para descobrir que existe um mundo sem a droga – afirma a assistente social Taiane Tonetto, do Lar Ipanema.
Depois de ingressar, menos de 20% retornam para a mãe. Uma pequena parcela segue para a casa de parentes. A maior parte, porém, fica. Só sai depois de completar 18 anos.

Entre os bebês de até dois anos que chegam à FPE, como E., a mãe de 60% deles é dependente de crack, de acordo com a diretora técnica, Sandra Helena de Souza. No Lar Ipanema, todos os 21 bebês foram gerados absorvendo os venenos da pedra.

– É necessária uma política pública efetiva de prevenção à gravidez precoce e indesejada. E, havendo a gravidez, que seja promovido o direito do bebê de nascer em melhores condições, facilitando a adoção. Não adianta só atender, atender, atender. A gente se pergunta: quantos abrigos ainda serão necessários? – indaga Sandra.

Pelo baixo preço e pelo efeito imediato, o crack está encravado nas periferias há mais de uma década e avançou nos últimos anos para todas as classes sociais. Nas vilas, os casos saltam como pulgas, como falam conselheiros tutelares. O conselheiro Antônio Américo Machado diz que precisam enfrentar até traficantes para poder preservar a vida dos filhos dos “zumbis”.

– Já chegamos a ter de falar com o dono da boca para levar os filhos de uma viciada. Retirar as crianças da mãe é o último recurso. Tentamos conversar, encaminhar para atendimento primeiro. Mas, quando não tem jeito, o melhor é levar para o abrigo. Quando isso acontece é que elas sentem. Dizemos para as mães: agora é tudo contigo. Se quiser ver teu filho de novo, vai ter de largar a pedra. Algumas tentam, mas poucas conseguem – lamenta Américo.
























A assistente social Taiane Tonetto trabalha no Lar Ipanema, na Capital, onde todos os 21 bebês são filhos de usuárias de crack

Nenhum comentário: