quarta-feira, 10 de março de 2010

O organismo pede socorro

É do bom senso que sempre se deve ingerir bebidas alcoólicas com moderação. Os malefícios do exagero no consumo já são do conhecimento de todos.

Estes efeitos quando combinados com o ato de dirigir, então, fazem uma associação "explosiva". Some-se a isso, o período de Carnaval, fazendo todas essas recomendações escoarem pelo ralo. Se nada de pior acontecer, o risco de amanhecer, depois de uma noite de tragos largos, com a sensação de que a cabeça tem o dobro de verdadeiro peso tem um nome conhecido: ressaca.

Os efeitos do distúrbio passam por sensações estranhas no corpo, uma leve "amnésia" que faz o bebedor tentar se lembrar do que aconteceu na noite anterior, sem sucesso.

Às vezes, se levantar é a última coisa que a pessoa pensa em fazer. O primeiro pensamento equilibrado vem como uma promessa: "nunca mais eu vou beber.". Esta quase sempre não cumprida.

A organização não governamental Cisa - Centro de Informações sobre Saúde e Álcool alerta para a elevada prevalência dos casos de ressaca.

Estudos apontam que 75% das pessoas que consomem doses acima do limite já sofreram distúrbio pelo menos uma vez na vida.

Em relação aos jovens, 90% dos estudantes bebedores não frequentes haviam sofrido ressaca, enquanto 50% dos bebedores mais assíduos apresentaram o distúrbio no último ano.

Substâncias tóxicas
A ressaca está associada à intoxicação aguda de álcool e inicia-se cerca de seis a oito horas após o consumo, podendo durar até 24 horas. Júlio Coelho, especialista em cirurgia do Aparelho Digestivo, reconhece que a moderação ainda é a melhor forma de evitar os desconfortos da ressaca.

O mal-estar surge porque o álcool é absorvido muito rapidamente pelo estômago. Depois de metabolizado, é levado pela corrente sanguínea até o cérebro. "Com efeito, bombardeado por diversas substâncias tóxicas que o agridem, o órgão reage por meio dessa síndrome", explica Coelho.

Para a psiquiatra Camila Guindalini, o álcool como qualquer outra droga de abuso, se for utilizada regularmente, tende a promover sintomas conhecidos como tolerância - redução na intensidade da resposta e necessidade de consumir uma quantidade cada vez maior para se obter o efeito anteriormente alcançado.

Assim, a quantidade de bebida ingerida, além de outros fatores, como o intervalo de tempo do consumo ou o tipo de bebida, estão relacionados ao aparecimento da ressaca.

"Estudos apontam que fatores psicológicos e vulnerabilidade à dependência de álcool, como predisposição genética, também estão envolvidos na manifestação do problema", avalia a médica.

Com efeito, filhos de pais dependentes de álcool, mais vulneráveis à dependência, apresentam ressacas mais graves do que filhos de não-dependentes, em condições comparáveis de frequência e quantidade de álcool consumido, conforme apontou pesquisa sobre o tema.

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