segunda-feira, 13 de maio de 2013

Saiba o que é o Cartão Recomeço


Conheça o programa que o governo do estado de São Paulo lançou.


O que é?

É um benefício que será usado para a recuperação de dependentes químicos em entidades especializadas.
O benefício será para os dependentes que procurarem recuperação voluntariamente. O paciente receberá um cartão com os seus dados, o Cartão Recomeço. Este servirá para controlar a sua presença ao longo do tratamento.


O dependente ou sua família recebem algum valor em dinheiro?
Não. O pagamento será realizado diretamente às entidades de recuperação especializadas.


O dependente ou sua família recebem algum valor em dinheiro?
Não. O pagamento será realizado diretamente às entidades de recuperação especializadas.
O valor disponibilizado para a recuperação do usuário é o equivalente ao tempo necessário para sua recuperação. Serão R$ 1.350,00 por mês.
A duração do benefício é de até 180 dias (seis meses), considerado por especialistas o tempo adequado para a recuperação do dependente.


Quantas pessoas serão atendidas?
Nesta primeira fase do projeto, serão atendidos 3 mil dependentes químicos.

Em quais cidades?
São 11 cidades participantes desta primeira etapa. São elas: Diadema, Sorocaba, Campinas, Bauru, São José do Rio Preto, Ribeirão Preto, Presidente Prudente, São José dos Campos, Osasco, Santos e Mogi das Cruzes.


E a capital?
Na capital o Programa Recomeço já atende os dependentes químicos por meio do Cratod e do convênio com a Missão Belém.

O que mais o Estado está fazendo para combater o crack?
Além do Programa Recomeço, com o Cratod e a Missão Belém, há o atendimento realizado pela Comunidade Terapêutica Bairral em Itapira. Ao todo, o Estado conta com 910 leitos para o tratamento de dependentes químicos.

Clínicas de recuperação devem ser fiscalizadas

Temos acompanhado matérias veiculadas por algumas emissoras de televisão e que vem abordando o tema da assombrosa evolução do consumo de drogas em nosso país e, paralelamente, a quase total ausência de políticas responsáveis e eficientes vigentes que visem combater ou remediar o grave problema. Relevante questão levantada foi também a da existência e atuação de clínicas de recuperação de adictos – alcoólicos e outros dependentes químicos - que, entendemos, deve começar a ter rigoroso acompanhamento do Ministério Público e da Comissão de Direitos Humanos da Ordem dos Advogados do Brasil.

Não estamos aqui a falar das clínicas sérias, estruturadas e que prestam um significativo serviço para os dependentes e para as suas famílias, embora quase todas elas sejam particulares e cobrem, pelo tratamento, elevados e quase impagáveis valores. A fiscalização se faz necessária por vários motivos e não somente pela notícia de que uma clínica da região de Atibaia teria sido fechada pela prática de maus tratos aos seus pacientes.

A situação, juridicamente, é curiosa e, entendemos, precisa ser urgentemente ajustada. Isto porque o paciente que dá entrada numa destas clínicas de recuperação e que seja maior de idade e capaz, ainda não interditado pelo Poder Judiciário, o que ocorre em pouquíssimas vezes, é impedido de exercitar o constitucional direito de ir, vir, permanecer e ficar já que referidas clínicas impedem que o paciente, ainda que dentro de suas capacidades psicológicas, resolva se pretende continuar o tratamento ou não, não repassando, muitas vezes, informações relevantes para o interno como, por exemplo, o tempo de duração do tratamento e a forma como o mesmo se dará.

Muitas vezes as próprias famílias encontram extremas dificuldades em dialogar com seus filhos e maridos encontrando injustificáveis barreiras para interromper a internação, ainda que assim o desejem fazer. Esse fato, entendemos, precisa de maior atenção porque nossa legislação garante ao maior e capaz a liberdade de decidir, lembrando que o fato do paciente ser usuário de drogas e estar internado não lhe retira a capacidade civil, só perdida, repita-se, por meio de decisão judicial.

Outra situação que merece sublinhada atenção é a das chamadas “contenções”, verdadeiras celas nas quais os pacientes recém chegados, repreendidos ou advertidos pela clínica passam dias sem ver a luz do sol e sem direitos básicos, como o da privacidade. Tanto a situação é duvidosa, sob o ponto de vista da legalidade destes espaços, que referidos ambientes sequer são apresentados aos familiares quando da escolha da clínica e deveriam, também por isso, sofrer rigorosa fiscalização pelos órgãos competentes. Outra irregularidade que facilmente poderá ser verificada é o convívio de pessoas que são dependentes químicas com pessoas portadoras de deficiências mentais, o que, em tese, se mostra irregular. Em resumo, falta a transparência necessária para que se tenha como legítima a exploração comercial deste ramo.


Alexandre Arnaut de Araújo é advogado no escritório Araújo Advogados Associados e especialista em saúde suplementar em Campinas (SP) e no Rio de Janeiro.
Fonte:UNIAD - Unidade de Pesquisa em Álcool e Drogas

terça-feira, 7 de maio de 2013

Das drogas para as Paralimpíadas 2016

Michel Vidal, ex dependente químico, é promessa no remo paralímpico 2016


Sempre que se escuta a palavra “paralímpico”, a primeira referência a se fazer é à outra palavra: superação. Os significados do termo, tais como - passar por cima; passar ou ir além; ser ou ficar superior; sobrelevar-se: superar a expectativa.

Vencer, subjulgar, dominar, dobrar. Fazer desaparecer, remover, resolver: superar todas as dificuldades – apesar de muitas, não descrevem em sua totalidade a história de Michel Vidal, cabeleireiro, atleta, cozinheiro e, principalmente, vencedor.

Dentre todos esses significados, há mais um: “superar a resistência do adversário”. O que dizer quando o tal adversário é você mesmo?

“Estava passando por uma grande dificuldade, um dos meus maiores problemas era sentir dor física para trabalhar, o outro era a droga, seja lícita ou ilícita. Eram os adversários dentro de mim. Percebi que tinha que fazer algo que, além de me aliviar de tais dores, me motivasse, me trouxesse conquistas”, responde Michel.

Através dessa percepção, Vidal, que já se interessava como expectador por esportes aquáticos, procurou Cesar Augusto Moreira Silva, conceituado técnico de vencedores atletas paralímpicos.

Aos 22 anos, Michel sofreu um grave acidente de motocicleta que lhe afetou uma perna, causando um bloqueio no joelho, e um braço. A partir daí, foram mais de 20 cirurgias, um ano em cadeira de rodas e mais alguns às voltas com o gesso.

Devido ao tratamento e às imensas dores físicas, ficou dependente de morfina e outros analgésicos e, como normal a todo jovem que de uma hora para outra se vê “preso” a uma cadeira de rodas, entrou em depressão e procurou no álcool e nas drogas uma forma de se anestesiar da situação em que se encontrava.

“Foi uma época muito difícil, arrumava os mais variados motivos para me drogar, não encontrava felicidade em nada, vivia para usar e usava para viver”, conta. “Certo dia percebi o quanto estava me destruindo, o sonho da minha vida, que é o Studio Michel Vidal, construído com muito esforço, estava deixando em segundo plano, acordava tremendo, sem condições de trabalhar, brindei por quatro anos”.

Em pouco mais de três meses de treino no remo, Michel tornou-se campeão paulista e vice-campeão brasileiro na categoria. Uma história de superação que vale a pena ser conferida.