Por meio de um portal na internet (www.cnm.org.br/crack), o novo órgão pretende monitorar a difusão da droga nos municípios do Brasil e levantar dados para dar suporte a políticas públicas voltadas para a solução do problema. De acordo com a CNM, em uma pesquisa por amostragem de municípios, feita em dezembro do ano passado, as constatações superaram as piores expectativas.
“Inicialmente, temos como objetivo maior levantar dados, saber as regiões afetadas, quem são os consumidores. Precisamos fazer com que as prefeituras, a sociedade civil, os governos e todos participem do combate ao tráfico e ao consumo de drogas, para que seja forçado um debate nacional. É preciso ter um plano estratégico. É inadmissível que, hoje, não haja disponível o número da quantidade de viciados. Precisamos de dados para o enfrentamento desse problema”, disse o presidente da CNM, Paulo Ziulkoski.
Ele também criticou a atuação do governo federal, que, segundo ele, se ausenta das questões que teriam que ser enfrentadas. A questão da segurança é fundamental, na opinião do presidente da entidade. “A União não fiscaliza as fronteiras na Venezuela, na Bolívia, em todos os lugares por onde passa a cocaína e outras drogas. E essa é uma das piores guerras que tem”, afirmou.
Em 12 de maio, durante a 14ª marcha dos prefeitos a Brasília, o observatório deverá divulgar dados mais aprofundados sobre o tema. Segundo Ziulkoski, foram encaminhadas 29 perguntas aos prefeitos de municípios de todos os estados do país. O resultado vai estar disponível no site da entidade. Pessoas em tratamento, problemas relacionados ao consumo e ao tráfico e o detalhamento das ações executadas pelos municípios são pontos que foram abordados e devem ser divulgados.
O observatório conta, principalmente, com a participação da comunidade, dos gestores municipais e dos secretários de Saúde e Assistência Social. Eles devem contribuir para enviar os dados sobre os municípios e informar, por exemplo, o número de dependentes, quais ações estão sendo tomadas para combater a droga, e quais são as boas práticas que podem servir de exemplo a outras cidades. “Será uma radiografia do crack no país”, comentou Ziulkoski.
PESQUISA
Entrevistas em 3.950 cidades brasileiras, o que representa 71% dos municípios do País, feitas em estudo da CNM, no ano passado, mostraram resultados alarmantes sobre o avanço do crack no interior do Brasil. A principal constatação foi de que a “pedra da morte” deixou de ser um problema urbano. Com o crescimento do consumo entre a população, as ações de tratamento dos viciados mostram ser pequenas ainda.
A pesquisa da CNM constatou que a principal estratégia para o acolhimento e tratamento tem uma cobertura de apenas 14,78% dos municípios que responderam a pesquisa, o que confirma que a estruturas físicas existentes e a disponibilidade de serviços é insuficiente para atender as demandas.
O crack se transformou nas últimas décadas em um dos mais graves problemas de saúde pública. Por isso é fundamental o envolvimento de entidades da sociedade civil nos debates sobre o tema e nas políticas para recuperação dos dependentes. Essa contribuição, no entanto, não elimina a necessidade de os governos federal, estadual e municipal investirem pesado no combate e na repressão ao tráfico e ao consumo. O portal na internet pretende servir de base para levantar dados de forma mais ágil e contribuir para que cidades, estados e União tracem estratégias de combate à droga.
Acesse também: www.cnm.org.br/crack
Fonte: ABEAD (Associação Brasileira de Estudos do Álcool e outras Drogas)
Nenhum comentário:
Postar um comentário