Casos trágicos ocorrem com muita frequência em todo o mundo, vitimando pessoas de todos os níveis sociais. Apesar de a Organização Mundial da Saúde (OMS) considerar o dependente um doente, muito preconceito ainda envolve a questão, pois a sociedade teima em ver como pessoas fracas e irresponsáveis os alcoólatras, os cocainômanos, os maconheiros e, agora, os consumidores de crack, além daqueles que se drogam com tranquilizantes.
– Por que uma pessoa procura consumir drogas? Apenas por carências psicológicas ou há também fatores orgânicos?
– Não existe um fator único. Há uma predisposição do meio social, da família, características psicológicas, como indivíduos com baixa tolerância à frustração ou com impulsos, além de uma predisposição orgânica, genética, à dependência química. Esta predisposição vem sendo provada nos últimos anos em função da descoberta das endorfinas, drogas internas produzidas por nossos organismos em situações de estresse e de dor, que promovem nosso bem-estar. Em estudo feito nos Estados Unidos, foi provado que algumas pessoas sofrem de uma alteração nesse metabolismo, produzindo menos endorfinas. As drogas então viriam a preencher o vazio deixado pela baixa produção de endorfinas.
– Quais são as drogas que criam dependência química?
– Qualquer droga psicoativa. Não há mais a antiga definição de dependência psíquica ou física. O quadro de dependência química é característico de uma compulsão de procura por drogas, e cada indivíduo tem uma escolha. Existem drogas mais pesadas, e cada uma tem um potencial de dependência. Por exemplo, o crack, que é cocaína fumada, tem um potencial de dependência de quase 100%. O da cocaína aspirada fica em torno de 60% a 70%. O álcool, em torno de 10%. Ou seja, de cada 100 pessoas que bebem, 10 vão se tornar dependentes de álcool.
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